28 de julho de 2011

Passei a noite em claro, sentada naquele sofá velho, que antes era o nosso sofá, e que agora, nada mais significa. Sentada, olhando para a lua, com aquele cigarro nas mãos. Como se algum dia eu tivesse fumado. Segurava aquele maldito cigarro porque me fazia lembrar de ti. Tu que gostavas de fumar, e sempre ria das minhas caras feias quando o fazia. Aliás, aquela madrugada me fez lembrar de você. Tão sozinha, tão gélida, tão solitária, tão diferente daquilo que fora dantes, daquilo que era quando você estava aqui. Me lembro das inúmeras vezes que você chegou inundando minha casa e minha cabeça com seu cheiro, aquele cheiro de hortelã, cigarro, e terra molhada, que de alguma forma, eu amava. E tu surgias com o mais maroto dos sorrisos, tão sedutor, tão irresistível. Tu sempre trazia meu café, lembras ? Então me puxava pela cintura, me embalava em teus braços e sussurrava em meus ouvidos 'Viu, minha menina, não precisava se desesperar, eu disse que viria pra você. Eu sempre venho.' Como se eu precisasse tanto assim de você. Tudo bem, não preciso mais negar, eu precisava muito de você, aliás, eu ainda preciso. Mas onde você está, se não nas minhas mais doces e tristes lembranças ? Onde foram parar suas promessas ? E nossos planos ? E o futuro ? Onde eu fui parar, já que não me sinto mais ?! Você se foi, levando tudo aquilo de mais lindo e importante que havia em mim, tu levaste meu coração quando partiu. E agora, bem, agora não resta nada. Só esse cigarro intacto entre meus dedos finos e frágeis. Não resta nada além da imensidão da noite, da eternidade da solidão, e do infinito do vazio dentro de mim. Não sobrou nada, a não ser esses meus pedaços espalhados pelo sofá, pelo chão, pela vida. Não há mais nada de ti, assim, não há mais nada em mim, nem de mim.

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