Vamos cortar caminho e evitar toda aquela introdução metafórica e filosófica que normalmente insisto em preservar. Sente-se ao meu lado, tome um pouco de café e deixe-me falar. Não me venha com discursos de "tudo tem seu tempo" ou ainda "viver um dia por vez" e muito menos "deixe de ser bobo".
Eu ando de mãos dadas com um vácuo, um vazio de companhia e que nunca estará disposto a me ajudar quando mais será necessário. É bem diferente:quando precisar, só me agraciará com risos histéricos, fazendo-me lembrar de tudo aquilo que me envergonha. Mentira. Nem chega a envergonhar; machucar ou derrubar seriam mais apropriados para o contexto.
Obviamente, não sou uma espécie de náufrago delirando em uma ilha deserta, conversando com a sua bola de vôlei ou coitadinho, vítima da distensão das relações humanas na atualidade. Mas uma saudade tão estranha e incompreensível bate na minha porta. Saudades daquilo que não vivi ou daquilo que possivelmente vou viver. Outra observação importante é que não cortarei meus pulsos dentro de uma banheira com água quente ou muito menos tomarei todos os comprimidos de algum remédio interessante. As câimbras não tiram um maratonista da corrida, não acha ? E digitar um texto de reflexão pessoal é um pouco de perda de tempo. Hum. Mas guardar é pior, bem pior. Escrever, para mim, é como um fósforo que vai se arrastando aos poucos até acender, soltando faíscas de esperança e, quem sabe, se não haver muito vento ou umidade, alguma luz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário