15 de março de 2011


Eu te peço perdão por te amar de repente. Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos. Das horas que passei à sombra dos teus gestos, bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos. Das noites que vivi acalentando pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo. Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente. E posso te dizer que o grande afeto que te deixo. Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas, nem as misteriosas palavras dos véus da alma. É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias. E só te pede que te repouses quieto, muito quieto. E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar estático da aurora.

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