20 de janeiro de 2011


Inclinou-se, olhou para seu rosto sem vida, e então beijou a boca de seu melhor amigo, Rydy Steiner, com suavidade e verdade. Ele tinha um gosto poeirento e adocicado. Um gosto de arrependimento à sombra do arvoredo e na penumbra da coleção de ternos do anarquista. Liesel beijou-o demoradamente, suavemente, e , quando se afastou tocou-lhe a boca com os dedos. Suas mãos estavam trêmulas, seus lábios eram carnudos, e ela se inclinou uma vez mais, agora perdendo o controle e fazendo um erro de cálculo. Os dentes dos dois se chocaram, nu mundo demolido da Rua Himmel. Liesel não disse adeus. Foi incapaz de fazê-lo e , após mais alguns minutos ao lado do amigo, consegiu levantar-se do chão. Fico impressionada com o que os seres humanos são capazes de fazer, mesmo quando há torrentes a lhes descer pelos rostos e eles avançam cambaleando, tossindo, procurando e encontrando. (A menina que roubava livros)

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